No dia 12 de junho, a rede do Bitcoin (BTC) recebeu a atualização Taproot, uma das mais aguardadas de sua história. De fato, a Taproot é a primeira atualização no BTC desde o Segregated Witness, implementado em agosto de 2017.
Agora, com a aprovação final, a atualização entrará na fase de implementação. Sua implementação total na moeda Bitcoin deve ocorrer no bloco 709.632, cuja mineração está prevista para novembro.
Contudo, muitas pessoas ainda desconhecem a importância da Taproot, bem como o que ela traz de novo para a rede. Por isso, confira os detalhes sobre a tecnologia e as melhorias trazidas para o BTC.
Processo de ativação do Taproot
A jornada de ativação da Taproot começou em 2018, através da publicação de discussões no repositório GitHub. No início, a Taproot recebia o nome de Proposta de Melhoria do Bitcoin (BIP, na sigla em inglês) 340.
Essas discussões iniciais duraram aproximadamente dois anos e envolveram propostas, correções de erros nos códigos e várias discussões.
Até que, em setembro de 2020, a proposta final recebeu a aprovação dos desenvolvedores do BTC. Assim, foi criada a BIP-341, código oficial da proposta. Em seguida, a proposta foi formalmente apresentada aos participantes da rede.
Para ser aprovada, a BIP-341 precisaria do apoio dos mineradores da rede, responsáveis por validar as transações e criar os blocos do BTC. Nesse sentido, o Taproot foi aprovado por um método conhecido como Speedy Trial.
Aprovação dos mineradores
O Speedy Trial é um método no qual mineradores e pools de mineração ajudam a coordenar a implantação. Aqueles que apoiavam a atualização deveriam sinalizar esta aprovação através dos blocos que mineravam.
Ou seja, um minerador que descobrisse um bloco e desejasse apoiar a Taproot, deveria sinalizar sua aprovação neste bloco. O período de aprovação durava aproximadamente duas semanas, ou 2016 blocos, o tempo necessário para que a mineração sofresse seu ajuste de dificuldade.
Dentro deste período de 2016 blocos, era preciso que 90% deles sinalizassem a aprovação à Taproot. Ou seja, dos 2016 blocos, 1815 deveriam aprovar a Taproot. Caso essa meta não fosse alcançada, a atualização seria postergada por um novo ciclo de blocos.
Para ser aprovada via Speedy Trial, a Taproot deveria obter esse consenso dos mineradores até agosto. Contudo, a aprovação veio quase dois meses antes do previsto.
Já em janeiro de 2021, a Taproot havia entrado na rede de testes do BTC, onde os desenvolvedores puderam testar a atualização.
Melhorias de privacidade
No geral, a Taproot possui uma série de aspectos e melhorias técnicas para o BTC, mas o que você precisa saber é que a rede terá dois grandes benefícios.
O primeiro deles será um aumento na privacidade, enquanto o segundo é a implementação de contratos inteligentes no Bitcoin.
Atualmente, as transações na rede do BTC não são totalmente anônimas, mas sim pseudônimas. Ou seja, embora as carteiras não possuam dados sobre seus usuários, todas as transações podem ser verificadas na blockchain.
Ao mesmo tempo, existem formas de identificar e rastrear determinadas transações.
Contudo, a Taproot dará ao BTC as assinaturas Schnorr, um meio de “embaralhar” transações e, assim, dificultar seu rastreio. Este método afetará principalmente as transações múltiplas, que requerem mais de uma assinatura.
Com o Schnorr, os endereços individuais de cada transação serão reunidos em um só, dificultando a identificação de cada pessoa.
Essa condensação de assinaturas também reduzirá custos, pois as taxas serão cobradas por uma só assinatura, ao invés de três. Logo, utilizar a rede do BTC sairá muito mais barato.
BTC terá contratos inteligentes
Por fim, as mudanças nas transações do BTC farão com que elas sejam mais parecidas entre si. Dessa forma, o custo total da rede será barateado, inclusive para as transações de segunda camada.
O baixo custo, por sua vez, permitirá a implementação de contratos inteligentes no BTC. Os contratos inteligentes são formas de automatizar praticamente qualquer tipo de negociação.
O próprio envio e recebimento de BTC é um contrato inteligente, ainda que bem rudimentar. Em redes mais complexas, estes contratos permitem desde a cobrança mensal de aluguéis até a compra e registro de bens.
Em virtude do alto custo de uma transação, o BTC sempre foi visto como inviável para realizar esses contratos mais complexos.
Porém, a Taproot veio para mudar este cenário. Com a atualização, esses contratos poderão ser realizados com maior rapidez e taxas bastante reduzidas.
Como resultado, o BTC pode não apenas evoluir como moeda digital, como também roubar fatia de mercado de seus concorrentes, como o Ethereum (ETH). Se isso acontecerá, não sabemos. A resposta final virá a partir de novembro.
Texto: Gear Seo